O QUE É FÉ?

Saiba o que é a Fé Bíblica e sua Importância para Salvação

Weder A. B. Silva – 09/12/22

Qual é a definição de fé?

O que e fé? Para os mais impacientes e apressados que buscam o significado da fé bíblica, resumimos: “Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, e convicção de fatos que não se veem.” (Hebreus 11.1). – Esta é uma boa síntese do que significa o vocábulo fé, na Bíblia. Contudo, por que pararmos apenas na superfície do conhecimento deste tema tão importante?

Se somos salvos pela graça por meio da fé, o que é a fé segundo a Bíblia?

Língua, Bíblia e Significados

Bem, para quem busca um aprofundamento mais abalizado, dizemos que para compreender detidamente o que é a fé, é necessário entender, primeiro, a mente hebraica. Isso é essencial para não nos perdermos nos sentidos semânticos variados encontrados hoje no dicionário, mas que foram acrescidos ao longo do tempo. Neles encontramos basicamente dois tipos de significados ao termo hebraico אֱמוּנָה (Emunáh), no Antigo Testamento, ou na palavra πίστις (Pístis), no Novo Testamento grego, ambas traduzidas como Fé ou Fidelidade (Habacuque 2.4; Hebreus 11.1). Estes dois sentidos podem andar juntos; no entanto, são muito distintos. Qual, portanto, representaria o seu significado bíblico no contexto da salvação?

Segundo a Bíblia, a que salva é Crença Confiante ou Fidelidade?

A língua muda: Mulato, que historicamente significa quem se parece com mula, por causa dos fardos carregados pelos escravos, não mais se refere à sua etimológica, mas a certo tipo de negros. Isso também ocorre nas línguas bíblicas, de modo que, para entender o significado Emunáh e Pístis é coerente buscar intérpretes do termo no tempo em que a Bíblia foi escrita, se o objetivo é compreendê-las biblicamente.

Este exercício é imprescindível, pois o real significado bíblico delas determinará o meio pelo qual seremos salvos, já que a Bíblia diz: “Pela graça sois salvos por meio da fé…” (Efésios 2.8). Bem, se significam crença confiante, não estão a falar de obras; e se, porém, significam fidelidade, estão a falar de ações, não de crença. Assim, é fácil arguir: Somos salvos pela fé ou por fidelidade?

Na Escritura, quem se propôs a explicar a fé foi Paulo, e embora haja controvérsias se ele escreveu o livro de Hebreus, atribuiremos a epístola a ele. A propósito… o que ele escreveu sobre fé? – Inspirado por Deus, Paulo deixou claro que no contexto da salvação, fé não é obras:

“Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça; de outra maneira a obra já não é obra.” (Romanos 11:6). “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Efésios 2:8). “Sabendo que o homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus Cristo, para sermos justificados pela fé de Cristo e não pelas obras da lei, porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” (Gálatas 2.16).

Logo

Percebe-se, em diferentes cartas do apóstolo, que a fé Bíblica, apontada como o meio de acessarmos a graça de Deus a fim de que sejamos salvos, é diferente das obras, como João especificou: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus.” (Apocalipse 14.12), só se pode, por conseguinte, concluir o que Paulo escreveu em Hebreus 11.1: Emunáh e Pístis, no campo da salvação, significam fé, e não fidelidade, confiança em Deus, e não as obras que dela decorrem:

Ora, a fé é a certeza das coisas que se esperam, e convicção de fatos que não se veem.” – o que faz com que obrigatoriamente o sentido da fé bíblica no contexto de salvação seja a crença confiante em Deus e em Cristo como Salvador e Senhor, não obras.

Como saber se a pessoa tem fé e qual a função da Lei de Deus diante da fé?

Fé sem Obras é Morta

Alguns se exasperam ao ler: “Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei.” (Romanos 3.28), isso por pensarem que tal afirmação é indiferente às obras, o que não é verdade. O próprio apóstolo escreveu: “Anulamos, pois, a lei pela fé? De maneira nenhuma! Antes, estabelecemos a lei.” (Romanos 3.31). Ao excluir a obediência da Justificação, Paulo está explicando que a função da Lei não é ser meio de salvação, o que é diferente de uma autorização para quebrar a Lei que ele chamou: “…Santa…Justa e Boa.” (Romanos 7.13). Qual seria, então, a função da Lei?

Neste quesito, o apóstolo adequado para nos satisfazer a curiosidade é Tiago. Enquanto Paulo pregava aos gentios (Romanos 11.13), ensinando continuamente a mensagem mais importante e básica do cristianismo: a Justificação pela Fé, Tiago cuidava dos que, já eram da fé (Gálatas 2.9). Assim, Tiago mantinha uma pregação diferente da de Paulo: enquanto este se preocupava com o ensino da Justificação, aquele trabalhava aspectos relativos à santificação, de modo que seu texto deixou claro a função da Lei:

Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.” (Tiago 2.14-18).

Assim

Verifica-se que, embora as obras (nossa obediência à Lei de Deus) não nos salve, elas servem para indicar visivelmente a genuinidade da fé invisível, de modo que podemos dizer com Cristo: “Pelos seus frutos os conhecereis!“(Mateus 7.17 e 20). A obediência à Lei de Deus serve de termômetro da fé, ao tempo que nos faz mais parecidos e próximos de Deus (1Coríntios 11.1, Filipenses 3.17).

O que Jesus falou sobre a fé?

Diversas vezes Jesus falou da Fé, secundariamente através da inspiração de toda Escritura, como através de Paulo, Pedro e Tiago, bem como diretamente. A expressão relativa a este assunto, mais empregada por Cristo foi: ‘A tua fé te salvou.’ – Jesus, assim, confirma, que a benção divina da salvação é-nos outorgada não por mérito, mas pela fé nEle. Segue abaixo diversas passagens em que Cristo demonstrou a importância da fé:

Falsa – A Fé que Cristo Condena:

Mateus 6.30 – Criticou a falta de fé dos que buscam alimento e roupas deixando Deus para depois.

Mateus 8.26 – Criticou a falta de fé dos discípulos que o julgaram indiferente às suas vidas, durante uma tempestade no mar.

Mateus 14.31 – Repreendeu Pedro, que andando sobre o mar, duvidou do poder de Cristo.

Mateus 16.8 – Cristo repreendeu a pequena fé dos discípulos por sua discussão sobre o não terem pães.

Lucas 18.8 – Jesus indaga aparentemente em lamento, indicando que quando Ele vier, a fé será algo bem escasso.

Mateus 17.20 – Cristo explica que a pequenez da fé dos discípulos os impediu de expulsarem um demônio.

Verdadeira – A Fé que Cristo Honra:

Mateus 8.10 – Elogiou um centurião que creu que Jesus poderia curar seu criado à distância.

Mateus 9.2 – Curou um paralítico atendendo à fé de seus amigos, que o trouxeram a Cristo crendo que o Senhor poderia ajudá-lo.

Mateus 9.22 – Elogiou a fé da mulher que creu que ficaria sã se apenas tocasse o manto de Jesus.

Mateus 9.29 – Curou dois cegos com base em sua fé em seu poder curador.

Mateus 15.28 – Jesus curou a filha de uma mulher, cuja fé e vontade de receber a bênção, superou uma aparente indiferença do Mestre.

Mateus 21.21 – Jesus disse que uma fé do tamanho dum grão de mostarda era capaz de fazer coisas incríveis.

Mateus 23.23 – Jesus põe a fé em paralelo com a Justiça e a Misericórdia especificando-os como os aspectos mais importantes da Lei.

Marcos 10.52 – Jesus cura um cego com base em sua fé.

Marcos 11.22 – Jesus estimulou os discípulos a terem fé.

Lucas 7.50 – Jesus animou Maria, elogiando-lhe a fé.

Lucas 17.19 – Jesus anima um ex-leproso que, curado por ele, foi elogiado em virtude da fé.

Lucas 22.32 – Jesus afirma que a oração intercessora pode fortalecer a fé de outrem.

Como se encher de fé?

A fé vem pelo ouvir, e ouvir a palavra de Deus.” (Romanos 10.17). Isso não é proeza do ouvido humano, mas um trabalho de Deus no coração daquele que se dispôs a ouvir, meditar ou ler mensagens bíblicas. A medida que o homem se interessa pelo que recebe, Deus cria nele a fé, uma crença confiante que o leva, paulatinamente, a aumentar sua confiança em Deus e em seu poder de salvar e curar, se o quiser. Esta fé abre espaço ao Espírito Santo no coração (Gálatas 3.14), que, então, tem permissão para operar uma transformação de dentro para fora.

Isso, contudo, é apenas um começo! À medida que o Evangelho toma conta da mente, novas transformações ocorrem. O Senhor amplia a visão, de modo que o crente passa a aprender mais do que somente o Evangelho, isto é, além de compreender que Deus é bom, morreu e intercede por ele, passa a entender o que Deus dele requer: obediência. Sim, uma vez que Deus nos garante o perdão através do Evangelho, agora, ordena: “Vá e não peques mais!” (João 8.11).

Conhecida a Lei, o aumento fé e da intimidade com o Espírito não mais se dá somente pelo aprender as Escrituras, mas através das obras. Como está escrito: “Ora, nós somos testemunhas destes fatos, e bem assim o Espírito Santo, que Deus outorgou aos que lhe obedecem.” (Atos 5.32). Percebam que a recepção do Espírito Santo, inicialmente concedida pela fé (Gálatas 3.14), é agora aumentada apenas quando aquilo que se entendeu é posto em prática, de modo que, quanto mais quebramos a Lei, mais nos distanciamos de Deus, havendo diminuição da consagração e da fé exercida (Isaías 59.1-2), porém, quanto mais aprendemos e praticamos, maior é a intimidade com o Espírito Santo, havendo um proporcional aumento da fé.

Por fim…

Uma maior ligação com Deus amplia nossa visão sobre Sua grandiosidade e, consequentemente, o senso de nossa pecaminosidade, criando o desejo de orar mais pelo perdão e presença de Deus, como se deu com os apóstolos no dia de Pentecostes. O resultado deste processo foi o livro de Atos, cheio de milagres, após a dotação adicional do Espírito Santo, que nada mais é do que uma ligação mais profunda com Deus.

Deste modo, para obter fé recorre-se ao Evangelho, que uma vez aceito, cria a fé no crente, abrindo caminho às transformações que opera o Espírito Santo. Mudanças maiores ocorrem à medida que conhecemos e praticamos Sua vontade, que no fim das contas, aumenta nossa comunhão e confiança nEle, até uma dotação especial, concedida depois de orações originadas num coração inteiramente consagrado, que reconhece seu estado pecaminoso e sua necessidade de Cristo e seu poder.

O que a fé é capaz de fazer?

Embora se leia constantemente ‘tua fé te curou’, ‘tua fé te salvou’ e coisas do gênero, a fé não faz nenhuma dessas coisas! Fé não é um poder em si, nem uma entidade; fé é crença confiante depositada em Deus que abre caminho no coração do crente para o trabalhar do Senhor, que faz tudo, que em figura de linguagem é atribuído à fé. Há a sim algo que ela faz: agrada a Deus (Hebreus 11.6), e Ele, feliz por ver nossa confiança, se põe a agir para nosso bem de acordo com Sua vontade.

É bem verdade que todas as orações da fé são respondidas (Marcos 11.24; João 14.13, 15.16), mas não necessariamente da maneira que pedimos. Deus, sabendo sempre o que é melhor, pode nos dizer sim, não ou espera; e todas estas são respostas, ainda que contrárias à nossa vontade. Portanto, a promessa divina não é uma proposta do ‘gênio da lâmpada’, pois se pedirmos mal, não receberemos como rogamos (Tiago 4.3). À medida que temos comunhão com Deus, nossa vontade começa a assemelhar-se com a dele, de modo que nossos pedidos passam a entrar em harmonia com a vontade divina, de modo que aprendemos a orar como convém, vendo então mais milagres; não porque Deus outrora não nos respondia, mas porque agora oramos de acordo com sua vontade (João 5.30, 6.38).

Sendo a fé criada pelo Espírito Santo dos ouvintes através da Palavra de Deus, sugerimos a leitura da ´serie de artigos intitulada: Por que se crer na Bíblia? (Astronomia)

Deixe um comentário