PORQUE SE CRER NA BÍBLIA – Filosofia

SAIBA COMO O RACIOCÍNIO FILOSÓFICO TEM IMPACTADO A ACADEMIA

Weder A. B. Silva – 31/12/22

O pensamento humanista transformou a Ciência, mormente, teísta, num seguimento de raciocínio, normalmente, ateu. E assim se seguiram nomes como o de Lichtenberg, Bertrand Russell e Carl Sagan. Contudo, nos últimos anos, têm surgido uma onda de intelectuais que, surpreendentemente, mudaram a situação do teísmo na história, de modo que mesmo Richard Dawkins, o ateu número um do mundo, por covardia, foge, há mais de uma década, de debater com o teísta William Lane Craig, num procedimento que, por anos, tem colocado ‘Deus’ novamente numa posição privilegiadíssima, digna de tornar pueril o pensamento do fim do cristianismo, proposto por Voltaire.

UNIVERSO TEVE COMEÇO

A Bíblia, sem titubear, diz: “No princípio criou Deus os Céus e a Terra.” (Gênesis 1.1). Esta afirmativa não foi contradita, acintosamente, por séculos. Depois da origem do darwinismo, porém, cogitou-se, a cada dia mais, que tudo existia por outras causas, que não Deus. Neste conflito ascendente entre Ciência e Religião, um golpe astuto foi dado: Sem necessidade de raciocínio, cientistas postularam que o Universo era infinito, estático e eterno, e este show de horrores seguiu de Thomas Digges a Einstein, que, diferentemente daquele, sugeriu que o Universo era finito como espaço, mas eterno. Por muitos anos este pensamento calou, academicamente, a crença de que Deus fizera tudo, deixando vivo o mito de um Universo não originado, sem começo.

A falácia cunhada foi recebida e contemporizada por muitos, e o pensamento era, evidentemente, de cunho ateístico, pois se ele é fechado em si mesmo, isto é, o Universo tem a razão de sua existência dentro de si, exclui-se qualquer necessidade de um Deus criador, já que o espaço sempre existiu. Todavia, desde Slipher, Friedmann e Hubble, foi-se o tempo em que Einstein zombava do padre Georges Lemaître, dizendo: “Seus cálculos estão corretos, mas sua compreensão da física é abominável.”, e isso depois do padre evidenciar que o Universo teve começo usando os cálculos do próprio Einstein. Um Espaço em expansão ficou evidenciado através da explicação ‘Hubbleana’ dos astros a se afastarem em virtude de sua coloração avermelhada, e não azulada, e como tudo que cresce e hoje é grande, o Cosmos, por certo, foi pequeno ontem e teve começo.

Para a Ciência, o Nada é Criador!

 A Ciência, por anos, tem buscado se recompor do contragolpe que levou, e ainda propõe vergonhosamente o surgimento do Universo a partir de um ponto infinitesimal… isto é:  Ciência sugere não Ciência!… Já que o ponto infinitesimal é algo… e como este algo surgiu? – O improvável fluiu rapidamente, como Edward Tryon explicou: “Em 1973, propus que nosso Universo foi criado espontaneamente do nada (ex-nihilo), como resultado de princípios físicos estabelecidos. Essa proposta parecia absurda, encantadora ou ambas as coisas.” O problema era que este absurdo era a última boia sobre a qual a Ciência poderia se apegar, por isso tornou-se encantador, levando muitos a ensinar a especulação como regra, tornando-se este o único pensamento sobre as origens a ser ensinado nas escolas. Nossos filhos deveriam agora aprender a especulação com status de Ciência como se traduz nas palavras de Alan Guth: “O universo observável poderia evoluir de uma região infinitesimal. Então, especula-se que todo o universo evoluiu literalmente do nada.”

É incrível, mas o forte argumento Científico contra o teísmo era que os teístas, quando chegavam a um ponto de difícil explanação, recorriam ao caminho mais fácil, Deus. Eles diziam isso em resposta à proposição teísta da criação do Universo do nada (ex-nihilo), e agora se valem do mesmo argumento, com exceção do divino, propondo em seu lugar o nada. Mas os críticos não deixaram isso impune, ocorrendo uma ressurreição dos pensamentos filosóficos de Aristóteles, Anaximandro, Tomás de Aquino e Leibniz, que fizeram o ateísmo recapitular, por descer ao mesmo patamar teísta da criação ex-nihilo.

Antony Flew

Filósofo britânico da linha evidencialista-analítica, construiu sua carreira sobre uma base ateística; lecionando Filosofia da Religião, trabalhou em várias universidades, inclusive em Oxford, sendo alguém realmente implacável contra o pensamento da existência de uma divindade, defendendo suas ideias por mais de meio século. Foi num debate com Roy Abraham Varghese que tudo mudou: Flew tornou-se um teísta! – Simplesmente um choque, ver o ateu mais importante do mundo, que por mais de 50 anos filosofou nesta área, desistir de suas ideias como empregadas em seu livro: There is no God (Deus não existe). Sua conversão foi feita em grande estilo, lançando uma obra em parceria com Varghese, com a mesma capa de seu livro ateu, alterando o título e o conteúdo, obviamente: There is noA God  (Existe um Deus). A acusação de pronto foi a de que ele já estava senil, e que o livro era de Varghese; mas Flew ainda estava vivo para dizer: “Meu nome está no livro e ele representa exatamente minhas opiniões. Eu não teria um livro publicado em meu nome com o qual não concordasse 100%. Eu precisava de alguém para escrever porque tenho 84 anos, e esse era o papel de Roy Varghese. A ideia de que alguém me manipulou porque sou velho é totalmente errada. Posso ser velho, mas é difícil me manipular. Este é o meu livro e representa o meu pensamento.

Agora, que raciocínio levou o grande filósofo ateu a mudar de posição? Flew reconhece que foi a teoria do Big Bang, ou seja, louvado seja Deus pelo Argumento Cosmológico: “Segui a razão até onde ela me levou. E ela me levou a aceitar a existência de um Ser auto-existente, imutável, imaterial, onipotente e onisciente.

Argumento Cosmológico e The God Delusion

A expressão correta não é Ex Nihilo (Do Nada), como os cientistas do Big Bang costumam falar, mas Ex Nihilo Nihil Fit (Do Nada Nada se Cria). Não há nas Leis Científicas nada que demonstre que o nada pode dar origem a algo. E este foi o grande problema trazido à baila pela teoria do Big Bang: Se houve começo, há apenas duas possibilidades: Ou foi o Nada ou foi Alguém deu início a tudo. Eis a questão! – E não são só as Leis da Física, mas as da própria razão, apontam que a conclusão mais óbvia é Alguém, já que é científico que o nada não pode criar, e foi este o raciocínio que impactou Flew. E nem adianta citar o tolo argumento do Boing 747 de Dawkins, em The God, Delusion, que concluiu a não existência de Deus perguntando: Quem criou este Alguém? Julgando que uma suposta não resposta à sua pergunta implicaria na não existência do divino. A questão de Dawkins não elimina a existência de Deus, ela apenas revela a ignorância do questionador, exatamente como o não saber onde ou como alguém nasceu, ao tempo que isso não implica que esse alguém não exista. E sua pergunta nem faz sentido, pois se o Universo é constituído de tempo, como ensina a Ciência, sua origem não pode ter começo, pois é o tempo no espaço que marca a origem das coisas, mas o tempo não existia sem o espaço. Este argumento é intitulado Argumento Cosmológico, que se resume na questão: Se o nada nada cria, por que existe tudo ao invés de nada? – esta pergunta é complexa, pois dificilmente pode ter razoável resposta que não um ser propositor.

Argumento Cosmológico e a Origem do Universo

Perceba, segundo a Ciência, o Universo é constituído de matéria, espaço e tempo. Esta constituição é um problema enorme para a academia ateística, pois a razão nos leva a entender que, antes do Big Bang, não existia o tempo, espaço ou a matéria. Assim, para dar origem à matéria, a causa não pode ser algo material, pois a matéria ainda não existia. E para originar o espaço, a causa também não pode ter limites, pois a limitação é feita pelo espaço; e precisa ser uma causa sem começo, pois o tempo, que demarca o começo e fim das coisas no espaço, não existia. O curioso é que, antes de a Ciência existir, ou sequer acreditar no Big Bang, a Bíblia já apresentava um Deus singular, que é imaterial (João 4.24), infinito (1Reis 8.27) e eterno (Gênesis 21.33). O filósofo Flew não pode resistir a este raciocínio, tornando-se, em sua sinceridade, um teísta.

Argumento Cosmológico e os Filósofos

Aristóteles já havia usado formulado o argumento, mas com outras expressões. Para ele o Universo e seu conteúdo eram motores móveis, que se moviam e foram movidos por outros motores. Retrocedendo, porém, não faz sentido o voltar infinitamente no que concerne à matéria, logo, tem que ter havido um ponto além do qual não se pode mais retroceder, isto é, uma causa primária. A esta causa primária Aristóteles nomeou motor imóvel, aquele que originou todos os motores, e não foi originado em si mesmo. Tomás de Aquino, que cristianizou a filosofia de Aristóteles, trouxe este pensamento ao cristianismo, e brilhantemente cunhou, a seu modo peculiar e cativante de apresentar a lógica da existência de Deus. É evidente que a causa e o sentido de um sistema não está em si, mas sempre fora dele, Leibniz seguiu essa linha de raciocínio, apresentando também, à sua maneira, o argumento cosmológico, indicando Deus como a causa externa para este sistema fechado chamado Universo. Por fim, micróbios, plantas, minerais, seres, planetas, estrelas, galáxias, etc. existem! Ao retroceder passo a passo no tempo, no intuito de chegar a uma causa primária, verifica-se que ela só pode ser pessoal, inteligente, poderosa, espiritual e eterna o que nos leva a pensar que tal causa seja Deus, já que o nada nada cria, e o Deus Bíblico é assim caracterizado. Na atual conjuntura, o principal defensor do teísmo na academia chama-se William Lane Craig, que tem demonstrado a força e lógica do teísmo para o mundo.

William Lane Craig

O filósofo e teólogo William Lane Craig, especialista em religião, metafísica e filosofia do tempo, bem como perito a respeito do Cristo histórico e teologia filosófica, tem assustado o mundo ateístico poderosamente. Em relação aos quatro cavaleiros do ateísmo, Craig atropelou brilhantemente Daniel Dennett; humilhou tão poderosamente Christopher Hitchens, que o site ateu commonsenseatheism.com publicou: “Francamente, Craig espancou Hitchens como uma criança tola.”; não debateu ainda com Richard Dawkins, mas rebateu em apenas 15 minutos seu melhor argumento em seu principal livro: The God, Delusion, o que deixou as universidades ensandecidas para ver um debate entre ambos, mas Dawkins, ao ouvir a apresentação de Craig contra seu livro, decidiu fugir do debate, e o faz há mais de uma década consistentemente, sendo tido por covarde. A vergonha alheia ficou muito patente, a ponto de um dos quatro cavaleiros do ateísmo, Sam Harris, dizer sobre Craig: “O único apologista cristão que parece ter colocado o temor de Deus em muitos de meus colegas ateus.” Harris foi claro em seus elogios a Craig, e ele mesmo debateu com o filósofo, e também perdeu, vindo subliminarmente a admitir a existência de um Deus, não concordando apenas que este fosse o Deus cristão. Além de suas vitórias sobre os quatro cavaleiros do ateísmo, é importante mencionar os raciocínios de Craig sobre a historicidade da ressurreição de Jesus, que apresenta mais ainda a veracidade histórica da Bíblia Sagrada.

DESIGN INTELIGENTE

Colaborado por pressupostos científicos, lógicos e filosóficos, o Design Inteligente é o argumento que tem incomodado por demais a Ciência moderna, que desconfortável por suas observações óbvias e desconcertantes, rotula a teoria de pseudocientífica, pois evita a fadiga entrar no embate e ter que resolver as problemáticas indissolúveis apresentadas. O Design Inteligente (DI) é a teoria que justifica a existência de um projetista do Universo e da vida com base na soma de dados científicos, como observações sobre maquinários celulares; elementos da lógica, como a ordem e a complexidade; e raciocínios filosóficos, como o princípio teleológico. Prega que na natureza não existem forças que justifiquem o equilíbrio, precisão e harmonia das constantes antrópicas, sendo tal ordem e complexidade um reflexo de uma inteligência superior que tenha ordenado essa trama. O DI não se propõe a dizer quem ou como é o designer, pois isso transcende ao espoco observacional, sendo este argumento, então, empregado por criacionistas, ufologistas, espiritualistas, cientistas e até panteístas. O raciocínio segue mais ou menos esta linha de pensamento:

O Boom do Design Inteligente

Embora já pensada previamente, a teoria teve sua ampla divulgação através do doutorado de Michael Behe, professor de Biologia na Lehigh University, que culminou na obra A Caixa Preta de Darwin. Agora, a contestação vinha de um cientista! No livro ele argumenta que a teoria da seleção natural, idealizada por Charles Darwin, afirma que as coisas partem do mais simples para o mais complexo (Evolução), isso ele julgando, por exemplo, que as células, como bases da vida, eram simples, o que ficou provado ser um absurdo imensurável através da microbiologia. Células são altamente complexas, com máquinas energéticas, motores construtores, apetrechos destruidores, lixeiros e nadadores dignos da mais complexa e sofisticada engenharia. Ele ensina também a complexidade irredutível como evidência da falsidade da teoria darwiniana, isto é, a engenhosidade de alguns elementos ou processos, como a visão e a coagulação sanguínea, que não podem ter surgido por um processo moroso de milhões de anos, por conta de sua interdependência no funcionamento, esta perfeição intrincada demanda um necessário idealizador.

ARGUMENTO MORAL

Como o mito de Gaia, que surge do caos e origina três filhos do nada, casando com um deles e gerando os titãs, a ciência crê num surgimento espontâneo do Universo e da vida. Já que há certas semelhanças entres os seres vivos, especialmente de variações entre as mesmas espécies, a teoria da evolução cresceu fortemente e hoje domina os centros acadêmicos, embora, não sem desafios! Dos diversos problemas difíceis para os cientistas solucionarem, um forte é a moral presente em toda a humanidade. Isso porque a moralidade não parece nem de longe ter surgido naturalmente: O que determina que o certo é honrar os pais? Por que não é conveniente o relacionamento sexual entre mãe e filho, entre filha e pai ou entre irmãos, quando na natureza este é o correto? Por que é errado matar, se, segundo a evolução darwiniana, estamos em seleção natural, de modo que o exercício da violência determina em muitos casos quem permanecerá vivo, como raciocinou Hitler? Por que é errado roubar, quando vemos leões roubando as caças das hienas, e aves como o chupim, que rouba os serviços do tico-tico? Por que é errado o estupro se vemos continuamente os galos nesta prática? Por que é errado cobiçar, se este pode ser o princípio ativo para se obter uma casa, uma esposa e/ou armas melhores para o sucesso? – Sim, não há na natureza justificativa para a moralidade, que é oriunda de princípios religiosos, como os expressos na Bíblia. Moralidade requer uma divindade que determine padrões de certo e errado para suas criaturas, esta é a justificativa mais plausível para os padrões morais nos humanos. Há padrões morais objetivos e subjetivos, mas não existe sequer uma tribo no mundo que tenha um conjunto de valores morais naturais.

ARGUMENTO ÉTNICO

Não existe nação ateia no mundo. Sim, ninguém nasce ateu! Pelo contrário, todos os povos do mundo creem no transcendente e no metafísico. Houve o alarde jornalístico, bem característico daquelas matérias sensacionais, sobre a tribo Pirarrã, apresentando-os como um povo ateu. Verdade? Eles são ateus? – Resposta: Um sonoro não! Os Pirarrãs creem em espíritos, o que não os torna diferentes de povos como os budistas, kardecistas ou candomblecistas. O fato é que: “O cérebro é programado para acreditar em Deus.”, e se damos vazão a esta inclinação natural, isso nos ajuda a viver mais e melhor. Isto deixa claro um propósito cerebral, que aponta para um ser supremo e criador, já que reflete o mesmo princípio de toda máquina já inventada pelo homem: Propósito, se segue de um Propositor.

ARGUMENTO DO MOVIMENTO

“A Lei de Causa e Efeito é um princípio Universal que significa que o acaso não existe.” O Universo veio à existência, logo, precisa ter uma causa. Causa após causa, verificar-se-á a necessidade de um ponto além do qual não se pode mais retroceder, e já estudamos neste texto que entre o Nada ou Alguém ser o causador… é muito mais lógico Alguém, a quem denominamos Deus. Num raciocínio muito semelhante segue o Argumento do Movimento em prol da existência de Deus. Veja, tudo no Universo está em movimento: Meteoros, Planetas, Estrelas, Constelações, Conglomerados, Galáxias, etc. Mas quem originou tal movimento? Se o Nada não pode criar, tampouco pode fazer movimentar, sendo novamente a opção mais lógica que Alguém tenha iniciado este movimento, e as características deste Alguém neste feito tão poderoso, só nos leva a concluir que é Deus.

CONCLUSÃO

A Filosofia, amor ao pensar, tem contribuído fortemente para a crença no Deus bíblico, o que favorece a ideia de a Bíblia ser a Palavra de Deus. Isso, corroborado com a historicidade dos eventos bíblicos hão de surpreender vocês, por isso, convido você a ler o artigo: Por que se crer na Bíblia? – Historicidade Patriarcal 1: Adão e Eva.

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